segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre um menino de olhos profundos.

Se eu mesma lesse esse título, me conhecendo, acharia que é mais um post ligeiramente over-meloso e no limite do que é cabível no quesito "sentimentalismo exacerbado", mas, surpreendendo a possível e não existente Manoela que seria leitora dela mesma esse post é sobre o Brasil ou algo do gênero.

Vi um filme com a Sô esse fim de semana. Up - altas aventuras. O filme é fofo. Desenho animado, de um velhinho que saí pelo mundo com sua casa presa em balões de gás hélio. Totalmente surrealista, mas divertidinho e bom pra passar o tempo. Além disso, estava com saudade de sair com a Sô. Hoje, fui a dentista ver se me livrava finalmente do clareamento: mas não foi hoje ainda. Essas coisas não teriam relação nenhuma, e talvez não tenham mesmo, mas algo me chamou atenção nas duas ocasiões.

No domingo, voltando para casa, o ônibus parou num cruzamento e esperou o sinal. Enquanto estava parado, olhei pela janela e vi um garoto. Bermuda jeans meio surrada e suja de terra. Pés descalços, uma camiseta de propaganda política. Olhei para ele meio como quem olha a paisagem. Era um menino bonito, que não podia ter mais de 12 anos. O que me surpreendeu foi que, ao reparar que eu o olhava, ele não desviou o olhar. Os cariocas que estão lendo o texto podem ter visualizado um garoto meio maloqueiro, encarando com agressividade, mas não foi esse o olhar que eu vi nesse garoto específico. Ele simplesmente permaneceu ali, sem movimentos. E se vocês acreditarem que não estou numa onda de super-interpretação, vou dizer também que os olhos dele emanavam um certo pedido ou revolta silenciosa. Como se ele mesmo soubesse da injustiça que era ele estar ali, descalça, e eu estar dentro do ônibus confortavelmente voltando para casa depois de uma seção de cinema.

Tive vontade de dizer algo, mas acabei engolindo em seco, e o barulho do ônibus fez com que o menino retomasse seu destino. E eu o meu. Cheguei em casa ainda com os olhos dele na cabeça, e meio de mal com o mundo: como diria Vinícius "Às vezes quero crer mas não consigo, é tudo uma total insensatez". Acho injusto. E não consigo passar muito tempo sem pensar nisso.

Mas dormi, a sensação foi embora. Ou quase. E hoje acordei para um dia normal. E no meio do meu dia normal estava a consulta com a Dr.Heloiza. Saí do consultório e uma chuva forte fazia com a rua tivesse dois dedos de água, e as pessoas sem guarda-chuva corressem. Os carros passavam jogando água nos pedestres, que xingavam. E eu abri meu guarda-chuva com imagens do Rio de janeiro e desci a rua até o ponto para voltar para casa. Mesmo com ele aberto a calça ficou molhada até um pouco acima do joelho, porque ventava e os pingos mudavam de direção.

O ponto de onibus, por causa do vento, não chegava a ser um abrigo. E lá havia um menino. Cheguei no ponto meio sem atenção e olhei para o ônibus que vinha sem conseguir definir qual era. "É o Circular", me disse o menino. E eu reparei então na existência dele. Reparei também que ele estava tirando as meias e o tênis. "Por que está tirando o tênis?". Ele olhou, meio envergonhado, e enquanto guardava o tenis numa sacola de supermercado respondeu "Ainda nem acabei de pagar. Vem essa chuva, ele fica todo sujo, e mesmo que a gente lava e não fica igual. Logo no dia que eu decidi usar ele. Ainda nem acabei de pagar. O pé a gente lava e fica igual, moça". Achei impressionante o carinho com o par de tênis. O pé a gente lava e fica igual. E ele ter repetido duas vezes "ainda nem acabei de pagar".

Se fosse milionária, ou pelo menos mais rica, na hora teria tirado do bolso um dinheiro e dado para ele acabar de pagar o tênis. Meu adidas, que me deixou muito feliz quando fiz 19 anos, estava todo sujo e molhado no meu pé. Feio, mesmo. Fiquei pensando que o tênis desse menino vai estar lindo mesmo daqui a um ano. A gente não dá valor no que tem, essa é a verdade. Eu mesma, não dou.

Não falo o suficiente aos meus amigos o quanto me são importantes:essenciais. Não cuido o suficiente das minhas coisas, mesmo as que gosto muito. Não ligo o suficiente para minha mãe. Não escrevo as cartas que gostaria, apesar dos pesares, a minha avó. Não cuido nem de mim mesma o suficiente:não me alimento como deveria, não faço exercícios como deveria, e fujo de médicos como diabo da cruz.

E acho, de coração, que o Brasil tem coisas demais a mudar.

sábado, 17 de outubro de 2009

Sobre palavras.

Sou de uma comunidade no orkut que é algo como "Muito: que palavra feia". Não sei se é isso mesmo, mas é algo próximo. Acho que é comum palavras feias. Algumas porque não precisam ser bonitas. Ninguém deixará de dar a êfase necessária (e às vezes ela só vem com o muito) porque acha a combinação do m+u+i feia. Outras palavras, como a mencionada pela Clarice Lispector, sovaco, são feias porque combina com elas serem feias.

E aí tem as palavras cujo significado é tão sublime que elas não precisam ser bonitas. Amor: não é o verbo mais bonito do mundo. O significado é o suficiente. Nem acho "paz" e "serenidade" palavras bonitas também.

O que me impressiona mesmo são plavras com perfeito encaixe entre palavra e forma. Tipo fascínio. Palavra bonita. Que confunde na hora de escrever. A gente dá uma pensadinha e acha que sacou ela. Mas nem o Aurélio sacou ela de verdade, na verdade. Ele diz "ver fascinação" e depois, em fascinação, diz "atração irresistível, fascínio". Poderíamos ficar assim, pra sempre, indo e voltando na definição. Mas ela quase se auto-define, de tão perfeita que é a combinação.

Não sei se isso é trela minha ou o quê. Mas pra mim faz perfeito sentido.

Abismada. A conversa começou nas M's, claro, e elas chamaram atenção para a relação, talvez tão óbvia que não seja nem pensada, entre abismada e abismo. Tá, nada de genial. Mas o interessante é pensar que, se abismada é estar próxima ou num abismo, então não se saí fácil dessa situação. Ou fica-se lá para sempre, ou joga-se lá de cima. Duplas interpretações são possíveis. E dizer aqui que a vida é também uma espécie de abismo seria clichê demais, e eu me recuso.

Mas, no mínimo, a vida me fascina. As plavras, simples, pequenas, grandes e até as feias também. O "sovaco" (tenho que fazer essa brincadeira), da Clarice, me fascina. O "muito", o "amor". A palavra que eu escrevo agora, e que cada um acha que é uma. Qual é o momento do agora? E se o agora é o agora de quem lê, posso estar escrevendo uma palavra totalmente diferente. Ou nem estar escrevendo.

Nossa, tou numa onda pseudo-filosófica meio alucinada. (Juro que não fumei nem bebi).
Às vezes gosto de pensar no que eu tava fazendo quando....meus leitores leram o post, meu namorado acordou, e coisas assim assim pseudo-randômicas. Mas me perdi. Ia falar sobre o encaixe de sorumbático com seu significado. E de 'aleatório', que é uma palavra aleatória.

Exdrúxulo é uma palavra exdrúxula.

Mas sei lá. Perdi o fio da meada. Pra concluir...acho que palavras são como pessoas. A gente aprende a gostar delas. Nunca gostei muito da palavra "origami". O Wesley Peres tá me ensinando a gostar. "Renan", sempre achei feio. E hoje, sei lá. Ouvir alguém dizer já me traz um sorriso, e eu não consigo mais relacionar a nada ruim.

Sobre celulares

Esse é o meu mais novo futuro celular:



Ele chega até dia 19.10, ou seja, muito pouco tempo.

Além disso descobri que já estão vendendo chocotone, ou seja: vamos dificultar um pouco mais o meu regime.

Depois de quase não entrar no meu vestido ontem, sim, estou de regime.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sobre Sintonia

"A gente têm andando em sintonia tão distinta
Eu quase não te ouço
Você não me adivinha
A gente fala tanto
E no entanto se complica
Eu gosto do Arnaldo
Você só ouve a Rita
A gente não demora passa a ser melhor que antes
Eu mudo e você fala
Nós dois somos mutantes
Ando chorando pelos poros pra não dar na cara
Pisando em ovos numa corda bamba
Vou dedicar mais tempo a mim,
Assim você será um tanto mais feliz...
Nem tudo está errado
É só uma maneira bruta de ficar... Calado"

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

sobre cheiros

Top 5 cheiros:
Renan
Jasmin de trepadeira
Chuva
Gengibre
Livro

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sobre esquecer.

Podem me achar boba, que seja. Mas eu dou realmente importância a aniversários. E saber que a Renata esqueceu me machucou sim. Até porque ela anda ditante. Falei sobre ela com o Juko um dia desses e começei a chorar desamparadamente. Liguei para ela mais tarde, e, sinceramente, não sei ainda se ela entendeu como eu estava me sentido. Se ela tivesse entendido teria posto como prioridade reafirmar que nada mudou. Que eu ainda sou uma das pessoas mais importantes da vida dela. Que ainda somos, como ela dizia, amiga-irmãs. Amigas-Dinas. Amigas de guardar pra vida toda. Se ela tivesse entendido meu desespero naquela ligação ela teria feito algo mais. E eu teria sentido que ela entendeu, eu acho. E se ela tivesse posto como prioridade ela não teria esquecido.

Sei que ela tem faculdade. Sei que ela tá atolada. Sei que ela está avoada. Mas nada disso justifica para mim. Porque se ela soubesse como era, especialmente nesse ano, importante falar com ela, ela não teria deixado passar. Ela tem estado longe demais para eu não sentir uma pontada ao ver virar meia noite e ela não ter dado sinal de vida. E a distância tem pouco ou nada a ver com os 1500km entre Rio e Goiânia. Ou será que sou só eu que tenho sentido falta da Renata?

domingo, 27 de setembro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sobre pedidos de desculpas.

Hoje pedi desculpas ao Marcelo. Acho que sim, tenho coisas pelas quais me desculpar, e ele sabe quais são essas coisas. Sei que ele tem motivos também, possivelmente (acho que provavlemente - mas, isso pode ser só pontos de vista) mais do que eu. Não faço questão que ele as aceite. Nem que responda. Mas acredito, pelo que conheço do Marcelo, que ele fará isso.

Pedi desculpas a ele por dois motivos:

Primeiro porque eu sei que errei. E ainda que deteste pedir desculpas, é algo na qual eu deveria melhor e aprender a fazer sem me custar tanto. Depois porque eu não quero pensar que é minha culpa que alguém guarde tanto rancor assim de mim. Existem pessoas que passaram pela minha vida e hoje não fazem parte dela, mas eu não quero pensar que essas pessoas me detestem ou me acham uma pessoa despresível. Quero estar em paz com meu passado.

Eu sou feliz demais no hoje para me arrepender do ontem. Passei boa parte desses últimos meses tentando aprender a não ter medo do amanhã, mas, na real, talvez seja mais inteligente só viver o hoje, como tenho vivido, e estar em paz com o ontem.

E ainda que eu não fale assim muito dele, o Marcelo fez parte do meu passado, e eu gostaria de pensar que estamos em paz com o que isso foi, possivelmente sem guardar mágoas. Se não for possível para ele, que seja, mas eu cansei de achar que ele foi um erro. Não foi. Foi uma fase. E foi bom, bonito, e acabou. E eu hoje sou, sim, mais feliz. E eu hoje anseio pelo futuro na mesma medida que dele tenho medo. E paro num passeio para descobrir, sem sucesso, o preço do aluguel de kitnets. Não, não vou, provavelmente, tão cedo para uma. Mas é lindo pensar na minha vida quando eu for casada com o Renan. E eu quero isso sempre mais.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sobre se sentir estrangeira.

Li hoje uma crônica da minha tia sobre o assunto. Engraçado, tava precisando de um empurrãozinho pra voltar a escrever e ele me bate assim, tão de repente. Não é um assunto da qual eu nunca falo, outro dia mesmo falava com minha mãe sobre essa constante sensação de divisão. A verdade é que eu não tenho mais uma vida. Eu tenho, se muito, 3/4 da minha vida aqui. E 25% de uma pessoa é pessoa demais pra gente não dar falta.

É estranho. Por mais que eu me sinta à vontade em Goiânia, sempre vai ter aquele quê de menina metropolitana em mim que me denuncia. E nem é só o sotaque. Não é só a maneira de dizer mushquitu e pashtel. É um pouquinho da maneirade ver e sentir todo o mundo, e até nós mesmos. Apesar de que eu às vezes acho que me levo a sério demais para uma carioca de verdade. É que eu não sou mesmo mais carioca de verdade. Quando eu tou no Rio, falta um outro pedaço meu preu ser mesmo de lá. Eu não sei exatamente o que é. Não viver numa cidade faz de você um estranho nela. Faz com que você perceba coisas que os moradores não percebem mais. Um certo jeito de pensar que parece tão comum você acaba descobrindo que é só o jeito padrão de se pensar lá. As palavras. Os gestos. Até a maneira de abraçar muda.

E eu sou um et em qualquer lugar. E é estranho porque até hoje, toda vez que alguém pergunta de onde eu sou, dói discretamente um pedacinho qualquer pequenino do meu coração. E essa pergunta aparece tanto aqui quanto lá. Li hoje também que o estrangeiro sente mais falta de um tempo do que de um lugar. Talvez seja mesmo verdade. Eu sinto falta do tempo que eu não era dividida. E hoje sou um conjunto tão confuso de fragmentos que mesmo eu me perco. E aí eu cobro que os meus amigos entendam. Ou que seja lá quem for entenda como eu me sinto em relação a isso tudo. E é impossível. A gente só se aproxima mesmo do que é o outro. "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...", diria, não tão longe da minha linha de raciocínio, o Caetano. (Foi mesmo o Caetano!?). Ou Titãs, "cada um sabe a alegria a a dor que traz no coração".

Sinto saudades. Essa é a mais pura e indubitável verdade da minha vida. Eu estou sempre sentindo saudade. Eu estou sempre meio manca. Sou na verdade eternamente uma claudicante criatura.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sobre dois aniversários.



Ainda não sei o que faremos. Possivelmente uma festinha daquele tipo que todo mundo contrbui um pouco. Ou Glória. Alguma coisinha mesmo só pra não deixar a data passar em branco. Com os amigos.

Acho que é a coisa mais legal do mundo ele fazer aniversário assim, tão juntinho de mim.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sobre coisas impressionantes.



tava no blog da minha tia.
bizarro.
muito impressionante mesmo!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sobre tarefas.















Tem dias que a gente simplesmente não tá no humor certo pra fazer as coisas. A letra saí feia, a gete não tem paciência pra ficar trocando as cores. Os verbos parecem chatos e tudo, absolutamente tudo, parece fazer da tarefa mais chata. O site do conjugador de verbos que normalmente se usa saí do ar. O google tradutor sisma em traduzir pro inglês, e não pro francês.

Queria mesmo era sair com o Renan. Tomar um sorvete. Rir da vida e olhar o sorriso dele. Ou então brincar de sério. Eu tenho uma dificuldade enorme de brincar de sério. Sempre acabo rindo antes mesmo de conseguir deixar reta a minha boca. E ele sério é a coisa mais engraçadinha do mundo.


[adendo]: A única vantagens de tarefas como essas é que se pode descobrir coisas engraçadas. Eu sou do tipo que ri sozinha com essas coisas.
No futuro da terceira pessoas do singular, o verbo pouvoir, que significa poder, é pourra.
E o verbo faire, que significa fazer, é fera.

Sobre a criação avulsa.

E aí que mal e mal dou conta do blog que já tenho?
Pouco importa.
Precisava de uma coisa mais aberta, mais livre, com menos pseudônimos, com menos segredos, com mais liberdade de falar coisas ainda que elas não estivessem "prontas". Senti necessidade de poder falar besteiras, confesso. Senti necessidade de poder não ser nem profunda nem interessante. Porque nem sempre se é interessante.

E nossa. Eu tenho estado chata demais para posts inteligetes e eloquentes. As pessoas trocam 'eu' por 'mim' e eu dou aquela contorcida na cadeira. Alguém usa um termo estrangeiro e, por mais que eu faça isso também, eu já penso "metido". Alguém olha para meu short e fixa o olhar e eu tenho vontade de dizer "que foi?". Tenho me sentido ofendida com olhares fixos. Menos os do Renan. Mas é que o Renan é um caso a parte. O Renan sempre foi um caso a parte.

E é isso. Sem mais justificativas.

Esse blog é, como diz o título, avulso e desnecessário.